Vol. 13 N.º 2 (2023): Revista Portuguesa de Educação Artística
RPEA, é uma revista com revisão por pares dedicada à educação artística, divulgando artigos sobre teoria e prática em áreas relacionadas, como Educação Musical; Dança; Teatro; Artes Plásticas; Musicologia e História das Artes, publicada pelo Conservatório Regional das Artes da Madeira. Foi criada em 2011 e tem publicado artigos de académicos relevantes em português e espanhol.
Esta edição da revista integra artigos da Cimeira da World Alliance for Arts Education realizada de 1 a 3 de março de 2023, no Funchal, organizada pelo Conservatório Regional com o apoio do Governo Regional da Madeira. A World Alliance for Arts Education (WAAE) é uma aliança artística global entre organizações internacionais de educação artística: a International Theater/Theatre and Education Association (IDEA); a International Society for Education through Art (InSEA); a International Society for Music Education (ISME) e a World Dance Association (WDA). O tema do congresso foi 'Patrimônio e Sustentabilidade: Ilhas Sustentáveis de Cultura e Educação Artística e durante o congresso, os participantes puderam discutir o rascunho do recém-ratificado Marco da UNESCO para Educação Cultural e Artística, resultando em uma lista útil de recomendações. Esta edição especial da RPEA 14(2) é, portanto, um resultado desse importante evento.
Lendo os artigos através da metáfora da educação artística como ilhas em um mundo metaverso e pluriverso, esta edição traz questões muito importantes a serem discutidas mais a fundo. Incluindo diálogos de especialistas em educação em artes visuais; educação musical; educação teatral e museológica de contextos geográficos e culturais muito distantes, como Brasil; Canadá; República Tcheca, República de Singapura e Portugal.
A colaboração em pedagogias musicais e didáticas colaborativas são abordadas por Tessandra Wendzich e Bernard W. Andrews, da Universidade de Ottawa, Canadá, com o artigo ‘The New Sounds of Learning: Composing music for young musicians’, onde falam sobre um projeto de pesquisa em parceria com o Canadian Music Centre e o Ottawa Catholic School Board com a intenção de entender os parâmetros de escrita de repertório para jovens músicos, discutindo os pensamentos e reflexões dos alunos sobre composição musical.
Rebecca Heaton e Yuzhu Sun, da Nanyang Technological University, discutem a educação artística no metaverso refletindo sobre a interação entre os mundos físico e digital, integrando cultura e educação nas realidades criptográficas do blockchain e negócios de e-learning, reconhecendo os desafios das tecnologias para a educação artística.
Questões transculturais e interculturais são abordadas através da música e do teatro; reconhecendo a necessidade de aprender formas tradicionais de artes, bem como entender a condição híbrida de novas formas, conforme discutido por Weijie Yu da Nanyang Academy of Fine Arts, República de Singapura, escrevendo sobre a Preservação e Prática da Tradição do Xiqu no Design Curricular de Drama em Mandarim e Ensino de Ator. Teresinha Rodrigues Prada Soares, da Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil, fala sobre intertextualidade e hibridez entre as culturas populares eruditas ocidentais, por meio do repertório musical do ensino superior formal para violão (bacharelado).
Kristýna Říhová, Anežka Kantorová e Eliška Jelínková da National Gallery Prague & Charles University em Praga trazem um estudo de caso mostrando a excelente dinâmica do serviço educacional na National Gallery Prague, desta vez sobre o programa que acompanha a exposição de Eva Koťátková ‘My Body is not an Island’, com práticas pedagógicas transformadoras de educação em galerias para escolas e o público em geral. Também na área de artes e educação museológica, Mirian Celeste Martins e Maria Elisa Sousa Lopes falam do poder transformador das artes na criação de ambientes de aprendizagem lúdicos, como é o caso dos estudos desenvolvidos por estudantes de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil, que descrevem em seu artigo ‘Ambiências Educacionais: Expandindo as Contextualizações Artísticas/Culturais dos Estudantes de Curso de Pedagogia no Brasil’.
A defesa das artes, da cultura e da educação artística na Europa é firmemente referida no artigo ‘Barreiras Estruturais ao Acesso à Cultura’ de Liliana Rodrigues do Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira (CIE-UMa) e Elisabete Oliveira, da Universidade de Lisboa, reivindica o reconhecimento da educação em artes visuais como um patrimônio em si mesmo, fornecendo um relato exaustivo sobre a história do currículo de educação visual.
Podemos sentir que a educação artística está nas margens; podemos sentir dificuldade em cruzar as ondas entre culturas, entre presente e passado, entre tecnologias tradicionais e contemporâneas. A educação artística em seus muitos campos pode ser vista como ilhas separadas, à primeira vista, mas olhando atentamente para os detalhes, encontraremos configurações semelhantes, bem como domínios específicos de aprendizagem que precisam ser preservados e transformados. À medida que lemos os artigos desta edição, navegamos de ilha em ilha, sentindo que pertencemos a um arquipélago maior, rico em variedade de paisagens, onde ocorre a aprendizagem artística criativa.